sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

A arte de saber "Ouvir"

“ Ouvir é uma das habilidades mais importantes que um líder pode escolher para desenvolver. “ Leonard Hoffman”
Parece-nos estranho quando ouvimos esta frase, o primeiro pensamento que nos vem à mente é, mas eu sei ouvir. Infeliz engano. Nós, com nosso super ego apenas ouvimos o que nos interessa, aquilo que pode nos trazer algum beneficio ou retorno... Mas quando temos que ouvir realmente o que as outras pessoas desejam, nos achamos no direito de ser melhores que elas.
Como um líder pode liderar pessoas, se ele não consegue enxergar além do seu próprio umbigo?
Parece-me que já passou da hora para desenvolvermos ou melhor dizendo... Ampliarmos nossas qualidades, qualidades estas de visão estratégica, percepção, criatividade, humildade, atitude somada a ação, controle emocional, liderança dentre outras centenas que possuímos e que apenas estão hibernando dentro de nós.
Vamos tratar dessa qualidade chamada “ouvir“, que nos é trazida em hora oportuna, esta que sempre foi talvez o maior dos problemas para o ser humano. E para que possamos ouvir, precisamos doar um pouco de nosso precioso tempo. E quanto vale esse precioso tempo, muitas vezes vale um sorriso, uma nova idéia, uma solução para um conflito, a conquista de um amigo, e a derrota de um inimigo.
Lembrando do filme o Ultimo Samurai, onde Tom Cruise interpreta o capitão Woodrow Algren, contracenando com Ken Watanabe que interpreta Katsumoto, líder dos samurais e governador de uma província Japonesa.
Katsumoto se prepara para uma guerra contra seu próprio pais para manter suas tradições e cultura, e no meio desta guerra, o capitão Algren é capturado pelos samurais de Katsumoto.
Na verdade o Capitão Algren acaba se tornando um convidado na província, e por que será?
Katsumoto sabia que o Imperador Meiji estava preparando um novo exercito, pois no contesto da história do filme, o Japão estava passando por grandes transformações, sócios, culturais, econômicas e tecnológicas, permeando ainda o interesse individual de algumas pessoas que iriam lucrar muito com isso.
Mas o que nos interessa neste momento, é entender, que Katsumoto, apesar de líder dos samurais e governador de província, respeitado pelo imperador e temido por muitos, precisava ouvir o que o Capitão Algren tinha para lhe ensinar, queria ouvir sobre estratégias de guerra, sobre cultura de outros povos, sobre superação de conflitos e sobre o lendário General Custer, e assim Algren o fez, Katsumoto ouviu tudo, e indo muito além, no mesmo instante que ouvia, ensinava para o capitão Algren o bushido, um código antigo de princípios Japoneses, ensinava a arte milenar de luta no estilo samurai, ensinava sobre a vida , a honra e essência dos samurais, ensinava que para ser um líder era necessário saber ouvir os que estavam, a sua volta.Katsumoto fez muito mais que ouvir e ensinar, ele soube explorar o inimigo e transformá-lo em seu maior amigo, e isto é uma arte, a arte de entender e envolver as pessoas, a arte construir respeito, conquistar o comprometimento, a arte de desenvolver e envolver as habilidades e conhecimentos a um propósito.
Sabemos qual o final do filme, onde o Capitão Algren se junta aos samurais sendo reverenciado e respeitado. Outrora um inimigo, mas agora mais que um amigo, e sim parte integrante de uma historia de vida, da história de um povo. Uma grande luta épica foi travada, de um lado o progresso e os interesses individuais, e do outro uma história, uma tradição, um ideal. Katsumoto morre, e novamente ele consegue transformar as pessoas, durante a sua morte honrosa, ele conquista o respeito de seus inimigos que se ajoelham para reverenciá-lo.

Imaginava-se que sua morte seria em vão, porém ao contrário, Katsumoto conquista vitória se fazendo ouvir pelo Imperador Meiji, na pessoa do capitão Algren.
Tanto Katsumoto como Algren, ambos tiveram de ouvir, e somada a sua perspicácia estrategista, conquistaram a vitória.
Nos moldes atuais, também vivemos uma guerra, e isso todos os dias, são milhares de pessoas e informações que vem e que vão, e muitas vezes não nos damos conta da mensagem que ela nos trás.
Como diz Leonard Hoffman em “ O Monge e o Executivo “, não temos todas as respostas, mas juntos, somos muito mais sábios do que cada um sozinho. O simples fato de mudança, é o suficiente para nos tirar da zona de conforto, nos forçando a fazer e a enxergar o mundo diferente.

Quando o capitão Algren foi até o imperador Meiji para entregar a espada de Katsumoto, o imeperador, perguntou a Algren se ele estava junto a Katsumoto na hora de sua morte e queria saber como ele morreu. Muito mais do que a história de nossa morte, é a história de como nós vivemos.

Com isso definimos um líder não pelos seus objetivos alcançados e sim conhecer o caminho que ele utilizou para chegar conquistá-los.
Quando paramos e ouvimos o que o mundo tem a nos dizer, dificilmente ficaremos sem uma base sólida para caminharmos e conquistarmos novas fronteiras, superarmos novos desafios, e para isso precisamos conquistar pessoas, firmarmos alianças.
Para liderança não existe uma receita de bolo, mas saber ouvir é ingrediente importante para que uma pessoa possa desenvolver sua habilidade de conquistar pessoas, de liderar pessoas.
Pessoas querem falar a todo o momento, e precisam ser ouvidas. Idéias quando surgem devem ser colocadas em praticas, e quanto à vontade de falar, devemos deixá-las falar, não podemos minar essa fonte ilimitada de informação e conhecimento. Quando as pessoas sabem que estamos dispostos a ouvi-las, elas sabem o momento certo de falar e estão dispostas a falar, sabem que é o momento construir.
Não importa se você é um imperador, um samurai, um capitão, seja apenas você, com um diferencial das outras pessoas, aprenda a ouvir e se faça ser ouvido. A momentos em que devemos falar e momentos que devemos ouvir, experimente, ouçam as pessoas na sua casa, no trabalho, nas ruas, todo mundo tem uma história para contar e todo nós temos algo para aprender, somos seres humanos e fonte ilimitada de histórias e conhecimento.


Por: Jean Pierre - Gestor de RH

Um comentário:

Unknown disse...

Jean, parabéns pelo seu Blog. A arte de falar é muito importânte, mas ouvir é muito mais, pois em nossas em nossas rotinas de RH somos procurados constantemente p/a resolvermos problemas que muitas vezes nem é de nosso competência . É nessa hora que um bom Gestor de RH se distingue dos demais , pois ele sabe ouvir, ele se torna empatico com as coisas dos outros, ele consegue ganhar a confiança e a simpatia das pessoas, pois ele sabe ouvir .